" «O futebol de alta competição não é um exemplo para o mundo. Quando sair, vou dedicar-me, quase por completo, às grandes causas.» Quem o afirma é José Mourinho, o homem do momento, aquele a quem foi confiada a hercúlea tarefa de ultrapassar três milénios de História e unir, numa só equipa, Israel e Palestina.
Por algumas horas, o homem que semeia guerras na Europa do futebol foi o símbolo da paz no Mundo, recebido como um Chefe de Estado, apadrinhado pela imprensa e opinião pública de forma nunca antes vista.
Mas foi simplesmente José que esteve em Jerusalém, o mesmo homem que nasceu em Setúbal em 1963 e que construiu a sua carreira passo a passo.
Começou no Estrela da Amadora, passou para o Sporting, para o Porto, Barcelona, Benfica, União de Leiria, voltando depois ao Porto para conquistar o País e o mundo.
E fê-lo libertando todas as suas qualidades e todos os deus defeitos. «Não interessa que gostem de mim, desde que eu ganhe.», diz ele, assertivo, arrogante, provocatório, complicado, ambicioso. Mas diz o mundo: vencedor, competente, grande profissional, humano, exigente, trabalhador, meticuloso, genial.
No futebol é um mestre, fala cinco línguas, criou um método, colocou-o em prática e obteve resultados. Foi eleito o melhor técnico do Mundo em 2004. Está a criar novos parâmetros culturais no futebol, sempre com fasquias mais elevadas. Um futebol high-tech onde a estrela é a equipa e onde a confiança, a lealdade e o trabalho são os ingredientes para o sucesso.
Um sucesso hoje inquestionável e pelo qual Portugal inteiro torce.
José Mourinho já não é apenas um português genial. É, antes de mais, o treinador de uma força avançada da afirmação de Portugal no mundo.
Ao fazer sair o futebol do seu sentido estrito, usando-o na sua verdadeira dimensão universal, Mourinho constrói uma plataforma de credibilidade tal que o coloca, a si e ao seu País, no centro de influência das grandes causas mundiais.
Por outro lado, defendendo acerrimamente que os conceitos de gestão que aplica ao seu jogo são válidos para qualquer actividade, posiciona-se como um grande gestor, legitimado pelos resultados que tem alcançado.
É por isso que Mourinho é hoje uma grande marca de Portugal e de si próprio.
«Portugal não pode perder», somos uma grande equipa. Temos muitos defeitos, mas temos muitas mais qualidades, por isso, lutemos por elas como o José fez, passo a passo, sem medo de falhar. E se tivermos de semear polémica para entregar competência, se tivermos de mostrar arrogância para afirmar a nossa identidade, que o façamos, pois também eu acho que pouco importa se gostam de nós, desde que a nossa equipa, o nosso Portugal, saia vencedor."
(Abril 2005)
Excertos retirados do texto "José Mourinho - Treinador da força avançada de Portugal no Mundo", in "Portugal Genial", de Carlos Coelho