Aristides de Sousa Mendes
Terminei há dias a leitura do livro "O Cônsul Desobediente", de Sónia Louro, que conta a magnífica história de Aristides de Sousa Mendes, cônsul português em Bordéus (França), em 1940, ano em que os nazis invadiram a França.
Contrariando as ordens de Salazar, Sousa Mendes assinou vistos para fugitivos, salvando assim 30.000 vidas. Este acto heróico salvou a vida a milhares de pessoas, mas acabou por destruir a do cônsul português e da sua numerosa família. Foi-lhe instaurado um inquérito disciplinar, despromovido e Salazar acabou por reformá-lo compulsivamente com a pensão mínima.
Mesmo nos momentos mais difíceis da sua vida, Sousa Mendes nunca se arrependeu daquilo que fez. Para mim, como portuguesa, é um enorme orgulho ser compatriota de um homem com esta grandeza e que teve um gesto heróico e de grande amor pelos outros, que acabou por causar a sua própria ruína.
70 anos após o gesto que salvou milhares de vidas, é altura de todos conhecermos melhor a história fantástica deste português, ainda desconhecida por muitos. Nos últimos meses, têm sido lançados vários livros que contam a história de Sousa Mendes, história essa que também será contada em cinema, num filme protagonizado pelo actor Vítor Norte.
Aristides de Sousa Mendes, um português que nasceu em Cabanas de Viriato, no concelho de Nelas, região da Beira Alta, e que teve um gesto do tamanho do mundo!
"Há pessoas que passam no mundo como cometas brilhantes e as suas existências nunca serão esquecidas. Aristides de Sousa Mendes foi uma dessas pessoas. Cônsul brilhante, marido feliz, pai orgulhoso, teve a sua vida destruída quando, para salvar 30.000 vidas, ousou desafiar as ordens de Salazar.
Nascido numa família com laços à aristocracia, Aristides cursa Direito em Coimbra e opta por uma carreira consular. Vive nos locais mais exóticos de África e nos mais cosmopolitas da Europa. Cônsul em Bordéus durante a Segunda Guerra, é procurado por milhares de refugiados para quem um visto para Portugal é a única salvação. Sem ele, morrerão às mãos dos alemães.
Infelizmente, Salazar, adivinhando as enchentes nos consulados, proibira a concessão de vistos a estrangeiros de nacionalidade indefinida e judeus. Sob os bombardeamentos alemães, espremido entre as ameaças de Salazar, as súplicas dos refugiados e a sua consciência, Aristides sente-se enlouquecer. E então toma a grande decisão da sua vida: passar vistos a todos quantos os pedirem. Salvará 30.000 inocentes, mas destruirá irremediavelmente a sua vida.
Esta é a história de um grande português. De um herói com uma coragem sem limites. Só é possível compreender o seu feito se nos colocarmos no seu lugar: destruiríamos a nossa vida e a da nossa família em nome da caridade e do amor ao próximo? Até ao seu derradeiro fôlego, Aristides nunca se arrependeu."
in "O Cônsul Desobediente"